Mercado de jogos eletrônicos
Estudo mostra que 220 empresas no País investem na produção de games. Falta de mão de obra qualificada ainda é um entrave
Sem alarde, as produtoras de jogos eletrônicos têm se
multiplicado no País. Um estudo da Associação Brasileira dos
Desenvolvedores de Games (Abragames), elaborado pelo consultor Marcos
Cardoso, aponta a existência de 220 empresas no país. Em 2008, eram
apenas 48. Aproximadamente 20 empresas têm faturamento superior a R$ 1
milhão e algumas têm receitas que superam R$ 15 milhões. “A maioria é de
pequenas e médias, 60% delas possuem até nove funcionários”, conta
Cardoso, que enxerga um forte potencial de expansão deste mercado no
País.
Cardoso visitou o Canadá para conhecer as
políticas do governo de incentivo à indústria de desenvolvimento de
games. “Entendemos como foi feita a regulamentação de jogos, que tipos
de taxas são aplicadas e quais benefícios fiscais foram concedidos às
empresas. O Canadá é o terceiro maior produtor. Perde apenas para
Estados Unidos e Japão”, afirma.
Para o presidente da produtora de
games Ilusis Interactive Graphics, Rodrigo Mamão, o mercado cresce de
maneira descoordenada: “Cada um corre para um lado”. A falta de mão de
obra ainda é um dos maiores entraves, embora tenha aumentado a oferta de
cursos de formação para a área no ensino superior. Segundo Mamão, o
custo para a produção de um jogo para tablets e celulares é de R$ 300
mil. Para videogames, o custo pode chegar a R$ 2 milhões. A Ilusis
Interactive Graphics trabalha com quatro projetos por ano, entre jogos
para dispositivos móveis e videogames. “A partir de 2014, temos a
expectativa de quintuplicar o faturamento atual”, projeta Mamão.
O
diretor de Criação da produtora de games Mother Gaia, Bruno Toledo,
afirma que o destaque alcançado por algumas empresas nacionais motivou
outros estúdios. Poucos deles, no entanto, têm uma visão mercadológica
do negócio. “Muitas empresas fecham após o primeiro lançamento por falta
de planejamento ou de apelo comercial”, afirma Toledo. O aumento da
venda digital, na qual o usuário compra diretamente no site e baixa o
jogo, incentivou a multiplicação das produtoras. “O mercado está em
plena expansão, é o momento de os desenvolvedores brasileiros buscarem
seu lugar ao sol”, diz.
Um
dos sócios do estúdio de games Swordtales, Vitor Severo diz que o
Brasil já é uma referência mundial em jogos educativos, como os de
simulação de treinamento, mas vê um aumento considerável na produção de
indie games — jogos independentes voltados para um grupo de usuários. “O
futuro do mercado brasileiro está nos indie games”, afirma. Segundo
Severo, as produções nacionais ainda representam uma parcela pequena do
mercado internacional, mas competem de igual para igual com estúdios
independentes de outros países. A indústria de games nacional é muito
jovem. Os estúdios mais antigos não chegam a ter dez anos. A maioria tem
menos de cinco anos de atuação. “Vivemos em um período de organização
do setor, criando associações”, explica.
Para Severo, o apoio do
governo ao setor tem progredido, mas ainda é modesto. “O governo tem
tomado medidas para estimular a produção de jogos. A Apex (Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos)mantém uma
política de internacionalização dos jogos brasileiros”, diz. Em parceria
com a Abragames, a Apex mapeia demandas dos principais centros de
produção no Brasil e propõe planos para exportação, missões
internacionais e parcerias com distribuidoras estrangeiras.
A
Swordtales começou a desenvolver seu primeiro jogo comercial, o Toren,
há quase três anos e captou R$ 100 mil em patrocínios por meio da Lei
Rouanet, que permite ao investidor deduzir do Imposto de Renda o
dinheiro aplicado. Pela lei de incentivo, a empresa ainda pode captar
mais R$ 270 mil.
(Fonte: economia.ig)