A maioria dos estudantes não faz ideia do que são códigos
binários, mas eles estão na moda: a linguagem dos programadores de
computador está por trás da navegação na web, dos e-mails, de ligações
de celular e de outras tecnologias do cotidiano. Mesmo assim, o
interesse pelo universo da Tecnologia da Informação (TI) é pequeno
diante do que o mercado exige. Nesse cenário, a questão não é saber se
haverá emprego, e sim qual emprego se pretende ter.
Hoje o Brasil precisa de 71 mil profissionais de TI, segundo a
Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. O número
pode chegar a 200 mil em 2013. "Daqui a sete anos, continuará havendo
déficit", diz Francisco Borges, diretor acadêmico da Veris Faculdades.
"Engenharia Civil é uma bolha. Informática é para sempre: todas as
empresas usam a TI como meio."
Os candidatos a uma
vaga no setor têm duas opções básicas: fazer um curso de perfil técnico e
antecipar a chegada ao mercado ou optar por bacharelados de pelo menos
quatro anos de duração. Neste segundo caso, a aposta é ter uma formação
mais consistente e se candidatar a melhores salários. O risco é ser
considerado "teórico" demais numa área em que tudo muda muito rápido.
Jefferson Santos de Araújo, de 23 anos, escolheu a via rápida. Depois
do ensino médio, iniciou um curso técnico em informática. "Era muito
ansioso. Nem terminei o técnico e comecei um tecnológico, na Fiap."
Jefferson, que já cuidou até do suporte técnico de impressoras, hoje é
analista de sistemas sênior da empresa CPM Braxis. Está no último
semestre na Fiap e quer fazer pós-graduação para se tornar consultor.
Nem cogita a hipótese de complementar a formação com um bacharelado.
"Esses cursos não focam o mercado, enquanto a formação tecnológica e um
MBA têm conteúdos que posso pôr em prática no dia a dia."
A pressa
de entrar no mercado e ganhar de cara um bom salário não é prioridade
para Thiago Miranda Ferreira, de 26 anos, que está prestes a se formar
em Ciência da Computação na USP. "Tenho bastante teoria e matemática, é
uma formação abrangente", diz o estudante, que é estagiário da Calum,
empresa de soluções tecnológicas e cursos de TI.
O consultor em TI Renato Oliveira Moraes,
da Fundação Vanzolini, concorda com a importância dada por Thiago à base
conceitual. "Se você é capaz de escrever bem em português, aprende uma
nova língua com mais facilidade", compara. "Quem faz a decisão de ser
tecnólogo escolhe entrar mais rápido no mercado. Vai ser recompensado,
mas pode acabar pagando um preço por isso."
"A juventude deveria se
interessar mais por essa área, que está pagando salários muito bons",
afirma Arnaldo Vallim Filho, diretor da Faculdade de Computação e
Informática do Mackenzie. Pesquisa feita pela universidade com a última
turma de 250 formandos em Ciência da Computação e Sistemas de Informação
mostra que a maioria (42,6%) está ganhando entre 5 e 10 salários
mínimos.Educação básica. Gigantes que produzem muitas das
plataformas, softwares e serviços usados no mercado, IBM e Microsoft têm
trabalhado em conjunto com o ensino médio e o superior. As parcerias
vão da criação de laboratórios em instituições de ensino a cursos que
dão certificações - atestados de que o profissional sabe trabalhar com
uma plataforma ou serviço específico, que valem tanto quanto um diploma.
"Muita
gente entra na faculdade achando que vai trabalhar exatamente com
aquilo. Eu elaboro projetos de infraestrutura de tecnologia: a parte de
raciocínio lógico só a universidade consegue treinar, mas tem a prática e
as certificações. Já fiz 13.”
Mercado para todos
A
área de TI se divide em desenvolvimento de software, hardware e
serviços. Saiba mais sobre ocupações com boas opções de emprego:
- Gerência de TI
O
que faz: Gerencia projetos e operações de serviços de TI; identifica
oportunidades de aplicação dessa tecnologia; administra equipes e
interage com outras áreas
Remuneração garantida: R$ 4.275,61
Formação Ideal: Bacharelado em Ciência da Computação/Sistemas de Informação
- Administrador de Banco de Dados
O
que faz: Instala e administra bancos de dados remotos ou distribuídos;
cuida da política de segurança e da qualidade da informação; faz ajustes
de desempenho
Remuneração Média: R$ 3.153,44
Formação Ideal: Bacharelado em Ciência da Computação/Engenharia da Computação; Tecnologia em Banco de Dados
- Desenvolvedor (Programador)
O
que faz: Desenvolve sistemas e aplicações, determinando a interface
gráfica, critérios de navegação, montagem da estrutura de banco de dados
e codificação de programas
Remuneração Média: R$ 1.933,47
Formação
Ideal: Bacharelado em Ciência da Computação/Engenharia da
Computação/Sistemas de Informação; Tecnologia em Desenvolvimento de
Sistemas
- Administrador de Redes
O que faz: Gerencia
os equipamentos de rede e a infraestrutura física de cabos; responde
pela segurança de acesso à rede e adequação dos sistemas dos servidores
da empresa
Remuneração Média: R$ 3.153,44
Formação Ideal: Bacharelado em Sistemas de Informação; Tecnologia em Redes de Computadores
- Engenheiro de Computação
O
que faz: Projeta e monitora a adoção de soluções em linguagens de todos
os níveis de complexidade; valida novas tecnologias; gerencia ambientes
computacionais
Remuneração Média: R$ 4.103,66
Formação Ideal: Bacharelado em Engenharia da Computação
- Analista de Sistemas
O
que faz: Especifica a arquitetura e as ferramentas para o
desenvolvimento de sistemas; presta suporte técnico e treina clientes;
elabora documentos técnicos
Remuneração Média: R$ 2.971,31
Formação Ideal: Bacharelado em Sistemas de Informação; Tecnologia em Análise de Sistemas